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[DVD] Filme: Menino do Rio - 1981

Titulo: Menino do Rio
Gênero: Aventura / Drama
Lançamento: 1981
País: Brasil
Duração: 96 min.
Direção: Antônio Calmon
Roteiro: Bruno Barreto
Elenco: Sérgio Malandro, Evandro Mesquita, Lulu Santos, Cissa Guimarães, Cláudia Ohana, André de Biase, Adriano Reys...

DVD - COR











INFO:
Pepeu está "solto" no Rio de Janeiro quando é acolhido por outro jovem que leva a vida na boa trabalhando de esportes radicais como surf e asadelta, a história se desenvolve até gerar
romances proibido entre o surfista e a garota rica, o casal enfrentará preconceito da família e muitos conflitos. Participação genial, brilhante de Sérgio Malandro, o protagonista Biase é o Lúcio Flávio de Eu Matei Lúcio Flávio (1979), o filme é estreado por grande elenco e dirigo pelo grande Antônio Calmon. Excelente produção brasileira que começa a apontar na direção da abertura política. O filme tem uma continuação chamado "A Garota Dourada" de 1984.




































Sexo, surfe e ‘pop rock’
Na década de 1980, filmes como “Menino do Rio” misturaram cinema e música com o clima praiano.

Zuleika de Paula Bueno

“Menino do Rio” é a música que deu origem ao filme, que por sua vez ganhou uma sequência no cinema e inspirou um programa de televisão. “Bete Balanço” foi um filme lançado logo depois da música, e os dois resultaram num festival de rock... Todas essas possibilidades foram exploradas pela indústria cultural dos anos 1980. O cinema, a música e os livros consagraram o estilo “sexo, surfe e pop rock” no lugar do “sexo, drogas e rock’ n’ roll” da juventude dos anos 1960.

O marco inicial do novo estilo foi o filme “Menino do Rio” (1982), que mostra as aventuras de um surfista bonito, saudável e romântico interpretado por André de Biase. O diretor Antonio Calmon e o produtor Luiz Carlos Barreto se apropriaram do título da música composta por Caetano Veloso e conhecida na voz de Baby do Brasil (na época, Baby Consuelo), tema da novela da TV Globo “Água Viva”, de 1980: “Menino do Rio, calor que provoca arrepio...”. O curioso é que a canção não estava na trilha do filme, mas só seu título já remetia à imagem do surfista de calção colorido e “dragão tatuado no braço”, como dizia a música.

A inspiração de Calmon veio não só da música, mas também dos filmes de praia americanos que havia anos eram exibidos à tarde na televisão. Idealizado para ser um grande sucesso de público, o filme vendeu dois milhões de ingressos no cinema. “Menino do Rio” mostrou que a produção cinematográfica voltada para o público juvenil era viável no mercado brasileiro, por isso é uma referência marcante. Ele foi um grande sucesso de bilheteria e se conectou com outros produtos da indústria cultural – novelas, músicas, vestuário –, além de ter estabelecido um certo “padrão” do que se pode chamar de cinema juvenil.

Três anos mais tarde, Calmon lançou “Garota dourada”, uma espécie de sequência do sucesso anterior. Mais uma vez, ele usou no título do filme o nome de uma música que não estava na trilha sonora. O sucesso do grupo Rádio Táxi fizera parte da trilha de “Menino do Rio”. Um terceiro filme para a série chegou a ser idealizado, mas nunca foi produzido. Em vez disso, Calmon levou seu universo para a televisão. Ao lado de Patrycia Travassos, Nelson Motta e Euclydes Marinho, ele escreveu, de 1985 a 1988, a série “Armação Ilimitada”, apresentando dois personagens surfistas: Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biasi).

O programa marcou época na televisão brasileira com inovações estéticas que o aproximavam do cinema. Também levou para a televisão referências de diferentes produções para a TV, como os seriados norte-americanos, e de outros gêneros, como o telejornal. Além disso, mesclava os letreiros com a narração: uma série de combinações que posteriormente se tornariam constantes na televisão brasileira, principalmente em canais com forte proposta de inovação, como a MTV.

Enquanto a TV bebia na fonte do cinema, os diretores associavam suas produções aos poderosos departamentos de marketing das grandes gravadoras, que de 1982 a 1988 apostaram alto no sucesso do pop rock nacional entre o público jovem. Associar cinema e música era vantajoso principalmente para os filmes, menos valorizados na cadeia produtiva do que as canções, mas também valia a pena para o mercado fonográfico, que tinha na telona um meio de divulgação de seus novos artistas.

“Bete Balanço” é um exemplo do sucesso dessa associação. Homônimos, era difícil dizer quem havia sido gerado primeiro: a música do grupo Barão Vermelho ou o filme dirigido por Lael Rodrigues (1951-1989), lançado em 1984. O roteiro, escrito por Yoya Wurch, se desdobrou em uma canção de Cazuza (1958-1990) e Frejat, e promoveu o terceiro álbum da banda. Com a música tocando nas rádios poucos meses antes do lançamento do filme, a trajetória da garota que estava determinada a ser estrela do rock, vivida por Débora Bloch, já era conhecida do público ao chegar aos cinemas.

Realizado em menos de um mês e com um orçamento de US$ 60 mil, o filme desbancou nas bilheterias do país produções internacionais que prometiam um bom retorno financeiro e contavam com milhares de dólares em campanhas publicitárias, como “Beat Street” (“Na onda do break”, 1984). Apesar de ser uma produção juvenil tipicamente brasileira, “Bete Balanço” guardava semelhança com alguns filmes estrangeiros. Era evidente como a personagem-título se parecia com a Alex Owens (Jennifer Beals) de “Flashdance”, blockbuster americano lançado no Brasil em 1983.

Mesmo tendo seguido a onda inaugurada pelos filmes de Calmon, “Bete Balanço” mostrava jovens que não eram muito fãs de esportes e vitaminas de frutas. A personagem curtia rock como o Menino do Rio, práticas sexuais libertárias e ervas ilícitas, ainda que sem o exagero visto nos anos 1960. O filme mostrou o próprio Cazuza como um personagem que vivia um grande astro pop. Depois, outros diretores tiveram ideias semelhantes, como Francisco de Paula, que escalou os Titãs no filme “Areias escaldantes” (1985), e Jorge Durán, que pôs o Biquíni Cavadão para animar uma festinha em “A cor de seu destino” (1986).

Das rádios para os cinemas e dali para os palcos: as bandas reunidas na trilha sonora de “Bete Balanço” (Barão Vermelho, Titãs, Lobão & Os Ronaldos, Celso Blues Boy, Brylho e Metralhatxeca) se apresentaram ao vivo em 30 de agosto de 1984 no Festival Bete Balanço de Rock, no ginásio do Anhembi, em São Paulo. Duas semanas depois, a banda de Cazuza e Frejat tocava os sucessos musicais do filme na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, dividindo o palco com orquestras sinfônicas nacionais.

Inspirado pelo sucesso de “Bete Balanço”, o cineasta Luiz Fernando Goulart lançou em 1985 o filme “Tropclip”, que narrava a história de quatro músicos que batalham para gravar seu primeiro videoclipe. Em determinada cena, um dos personagens citava sua antiga colega de Minas Gerais, Bete Balanço, como uma famosa estrela pop.

Lael Rodrigues deu sequência ao sucesso de seu primeiro filme com “Rock estrela” (1986), que gerou na imprensa a expectativa de encontrar uma versão masculina da personagem de Débora Bloch. O Jornal do Brasil anunciou o filme com reportagem intitulada “Vem aí o ‘Rock Estrela’, irmão mais jovem de Bete Balanço”, em 7 de agosto de 1985, quando o filme ainda estava em produção. Ele narrava a trajetória de Rock (Diogo Vilela), músico de formação erudita que acabava seduzido pelo pop rock. Lançado no carnaval de 1986, reproduzia as mesmas práticas de promoção utilizadas no filme anterior, chegando aos cinemas acompanhado da divulgação maciça do hit homônimo, cantado por Leo Jaime.

No ano seguinte, foi a vez de “Rádio Pirata” completar a trilogia. Mesmo abordando um tema “sério e adulto”, como a corrupção política, a associação do título do filme à famosa canção da banda RPM garantiu à produção a classificação de juvenil.

Outra marca dessa geração foi a adaptação para o cinema de Feliz ano velho (1988), dirigida por Roberto Gervitz e baseada no livro de Marcelo Rubens Paiva. Um forte esquema promocional envolveu sorteio de ingressos e brindes para estudantes, divulgação em grandes rádios, sessões de debates com o escritor, o roteirista e o diretor, noites de autógrafo e lançamento do roteiro do filme na Bienal Internacional do Livro.

Outros diretores se dedicaram a fazer cinema para o público jovem naquela época, incluindo uma diversidade de propostas, estilos e orçamentos – nem todos de acordo com o trinômio romance-esportes radicais-baladas pop rock de “Menino do Rio”. Alguns fizeram filmes engajados, como Rodolfo Brandão, diretor de “Dedé Mamata” (1988); outros não mostraram o mesmo comprometimento político, como Adnor Pitanga, de “Rockmania” (1987). Houve filmes regionais, como o gaúcho “Verdes anos” (1984), de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil, e grandes produções nacionais, como “Um trem para as estrelas” (1987), de Carlos Diegues. Havia espaço para estreantes – Lui Farias, que lançou “Com licença, eu vou à luta” em 1986 – e para cineastas experientes: Sérgio Rezende produziu “O sonho não acabou” em 1982.

O que torna esses filmes semelhantes não é exatamente a linguagem ou os aspectos narrativos, mas suas estratégias de inserção no mercado, o anseio por conquistar espectadores juvenis. Para isso, o jovem era apresentado como personagem principal: uma receita simples e infalível.

Zuleika de Paula Bueno é professora de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá e autora da tese “Leia o livro, veja o filme, compre o disco: A produção cinematográfica juvenil brasileira na década de 1980” (Unicamp, 2005).
disponívem em: http://www.revistadehistoria.com.br
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