Título: Xica da Silva
Gênero: Drama Histórico Literário
Lançamento: 1976
País: Brasil
Duração: 117 min
Direção: Carlos Diegues
Roteiro: Antônio Callado e
Elenco: Zezé Motta, Walmor Chagas, José Wilker, Stepan Nercessian, Altair Lima
DVD - COR
Adaptação da Obra de João Felicio dos Santos
INFO:
Nos anos 70, são produzidos mais de vinte filmes baseados em fatos históricos, um número superior ao que foi produzido desde o início do cinema entre nós. Questões como a escravatura, a Inconfidência Mineira, a Independência do Brasil, são resgatadas e ressignificadas pela cinematografia brasileira, quase sempre numa tentativa de diálogo com o presente.
É o caso do filme Xica da Silva, de Carlos Diegues, de 1976. Ele é produzido no momento em que começa um lento afrouxamento do regime ditatorial. O próprio cinema nessa fase está transformado, pois ficaram para trás os ardores do Cinema Marginal e do Cinema Novo, bem como a influência mais radical da Tropicália. A busca, agora, é pelo público, o que obriga os diretores a abandonarem o cinema alegórico, de cunho eminentemente político, e partirem para um cinema mais "popular".
Embora a personagem Francisca da Silva realmente tenha existido, durante a segunda metade do século XVIII, no Arraial do Tijuco, Minas Gerais, o filme não pretende ser fidedigno, mas narrar livremente uma versão sobre a vida de Xica da Silva. A mulata era filha do português Antônio Caetano de Sá e da escrava Maria da Costa. Segundo C. R. Boxer;1 ela primeiro se tornou amante de um cavalheiro local, Francisco da Silva Oliveira, e depois do contratador de diamantes e doutor em leis, João Fernandes de Oliveira. Milionário, João Fernandes satisfez todos os desejos de Xica da Silva, mesmo os extravagantes. Sob sua proteção, Xica se tornou a mulher mais respeitada e poderosa do lugar.
Xica da Silva foi a personagem feminina que — ao lado de Florípedes, de Dona Flor e seus dois maridos, e de Solange, de A dama do lotação — marcou época no cinema brasileiro, despertando uma grande atenção do público.
Xica da Silva reatrta a luta do negro escravo contra a aculturação e a dominação do homem branco; em última análise, a luta pela liberdade.
Para muitos Xica da Silva é representada como uma mulher fútil e egoísta, que não tem qualquer pensamento nobre para com os de sua raça. Ao contrário, assimila-se perfeitamente aos brancos, participando do jogo do poder: manda quem pode, obedece quem precisa. Para outros estes atos tornam-se a revanche contra os brancos, o seu momento de desforra contra um sistema opressor. Mudá-lo ela não pode mesmo, por isso age com os brancos da mesma forma que eles agem para com os negros: humilhando-os, colocando-os no seu devido lugar, mostrando quem manda.
Xica, queria a liberdade para realmente se sentir igual aos brancos, mas quando a consegue descobre que as portas da igreja continuam fechadas para ela: não adiantava ser livre, era preciso ser branca. Fica claro que Xica é um personagem vivo e contraditório, e portanto passível de cometer as loucuras que comete.
Xica da Silva é o encontro da liberdade com o instinto aprisionado, o momento em que O conflito entre os impulsos básicos e a civilização é retomado em um ritmo de festa carnavalesca, com utilização dos recursos da sátira, sem esquecer a irreverência e a ironia.
A Canção Xica da Silva é composta e interpretada por Jorge Ben.
Extraído de VHS, excelente qualidade.